A medicalização da Infância
Quando falamos em alteração das emoções é muito comum procurar as causas para este fato exclusivamente em alguma disfunção do corpo. Assim, a única solução apresentável seria remédios. Não que eles não sejam importantes: que fique claro!
No entanto, as crianças, como todos os membros da sociedade, não são compreendidas de maneira diferente.
É claro
que a medicina evoluiu muito, (não só a medicina, diga-se de passagem!). Mas quando o assunto são
as crianças arteiras parece que ainda temos muito que evoluir. Isso
tem uma razão, pois à medida que a crianças passam a ser classificada como
“doentes” ou “portadoras” de síndromes e transtornos, deixam de ser autora do
próprio sofrimento.
Ou melhor,
mais do que uma única razão: para a indústria farmacêutica é
ótimo, pois ela é sustentada pela lógica capitalista (a fabricação mundial de
metilfenidato – mais conhecido como Ritalina – entre os anos de 1990 a 2006 tiveram um
aumento de mais de 1200%).É claro que existem ocasiões que os medicamentos são estritamente necessários)
Para o sistema escolar também vantajoso, porque com uma
criança "laudada" ele passa a ser inocente pelo não aprendizado delas . E para os
pais também, uma vez que podem fugir da culpa ao ver seus filhos dando trabalho ao imaginar que este prolema pode ser uma falha deles.
Qualquer criança com dificuldade de atenção será vista como uma candidata ao
diagnóstico de TDAH. Os psicofármacos podem atuar como silenciadores de uma
queixa inconsciente, fazendo os indivíduos adequarem-se para sobreviver.
Prejuízos
na capacidade de pensar podem estar relacionados a falhas num momento crucial
para o desenvolvimento humano. Em muitos lares contemporâneos as crianças estão
entregues a si mesmas por causa de pais cada vez mais atarefados e perdidos
pelas exigências da vida pós-moderna.
O
papel dos pais, será fundamental na formação do psiquismo infantil e na construção
da sua subjetividade para que ela seja capaz de lidar com sua impulsividade.
Assim, na clínica
psicanalítica, estas crianças serão primeiramente ouvidas. Ainda que seu pedido de ajuda se manifeste apenas como comportamentos desajustados.
Para
mais informações leia:
MARINO,
A. S; BAPTISTA, M.T.D.S. A história como
paradigma na construção de sujeitos de direitos. Mnemosine, 3(2), 194-221,
2013.
Ortega,
F., Barros, D., Climan, L., et al., 2010. A
ritalina no Brasil: produções, discursos e práticas. In:
InterfacedComunicacao Saude Educacao, vol. 14(39), pp. 499e510.
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